Portas de Ródão

Classificadas Monumento Natural a 20 de Maio de 2009, as “Portas de Ródão” constituem um lugar único pelos seus valores geológicos (garganta epigénica de Ródão), paisagísticos (Serra das Talhadas, sítio Natura 2000), arqueológicos (Complexo de Arte Rupestre do Vale do Tejo, estações de Vilas Ruivas e Foz do Enxarrique, Conhal do Arneiro), históricos (Castelo de Ródão, monumento nacional classificado) e biológicos (flora autóctone, e mais de 170 espécies de fauna, algumas raras em Portugal).

As suas escarpas, vestidas de urze, alecrim, giesta e zimbro, acolhem espécies de avifauna ameaçadas como a cegonha-negra, o bufo-real e o abutre-do-Egipto, além de uma colónia de grifos que sobrevoam, imponentes, as Portas, às horas quentes do dia.

A natureza assume a sua plenitude à beira do Tejo cujas águas ainda abrigam escalos, bordalos, bogas e verdemãs. Nas margens, entre salgueiros e amieiros, esconde-se o guarda-rios. Nas areias, outrora auríferas, corre a lontra, estendem-se cágados ao calor do sol. Corvos marinhos de asas abertas poisam nas pedras do rio, e garças cinzentas pescam atentas nos baixios. No silêncio das águas mansas riem galinholas, canta ao longe o cuco, ressoa o picapau. E quando o sol se deita, gritos estridentes de andorinhões enchem o ar. O bufo-real anuncia a noite: ouve-se regougar a raposa, passam javalis ”sem maneiras” ou sacarrabos e toirões furtivos.

A localização e riqueza das “Portas de Ródão” fazem desta área protegida uma marca, uma referência geográfica, cénica e simbólica, definida por Hipólito Raposo como “as ombreiras mutiladas de um arco do triunfo que um capricho plutónico quisesse ter ali deixado à honra do grande rio, nas primeiras auroras do mundo”.